
Câmbio do dólar já “furou” a meta deste ano
Valor da moeda norte-americana, no banco central, está cerca de 17% acima do que tinha sido estimado no Plano de Desenvolvimento Nacional. Kwanza deslizou 38% face ao dólar desde Janeiro.
A taxa média de câmbio do kwanza face ao dólar já ‘furou’ a meta que tinha sido estimada pelo Executivo para este ano em cerca de 17,2%, indicam cálculos do Vanguarda baseados em projecções de Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022 e nas cotações oficiais divulgadas nesta semana no site do Banco Nacional de Angola (BNA).
No início de Maio, recorde-se, o jornal Mercado – que pertence ao Grupo Media Rumo, igualmente detentor do Vanguarda – avançou que, de acordo com uma apresentação do PDN 2018-2022 feita pelo Ministério da Economia e Planeamento (MEP), o Governo estimava que, neste ano, a taxa média de câmbio face à moeda norte-americana fosse de 229,4 Kz por cada dólar.
Nesta quarta-feira, contudo, segundo o BNA, esta taxa rondava os 268,8 Kz por cada dólar, ou seja, um diferencial de perto de 17,2%, ou de 39,4 Kz. No início do ano, cada dólar custava, à taxa do BNA, 165,9 Kz, estando agora 62% mais caro. Dito de outro modo, a moeda angolana vale, a pouco mais de meio do ano, menos 14,5% do que se previa para o ano todo, tendo perdido quase 38,3% face ao dólar desde Janeiro. Também em Janeiro, comprar um euro, à taxa oficial do BNA, custava 185,4 Kz, o que compara com uma cotação média de 306,02 nesta quarta–feira, um aumento de 65,05%. Ou seja, em relação à moeda europeia, o kwanza deslizou 39,4%face ao euro desde Janeiro.
A estimativa avançada na apresentação feita na altura pelo MEP – que entretanto não está incluída na versão completa do PDN, no capítulo das projecções macroeconómicas – indicava que, em 2019, a taxa Kz/USD seria de 280,8, em 2020, de 307,9, em 2021, de 327,5, e em 2022, de 341,1. Ou seja, a taxa oficial, nesta semana, está mais próxima do valor previsto para 2019 do que para este.
A moeda angolana tem vindo a desvalorizar desde 2014/2015, na sequência da queda do preço do petróleo, que colocou pressão nas divisas. Em Fevereiro deste ano, o BNA iniciou os leilões de divisas em câmbio flutuante, com bandas mínimas e máximas que não foram divulgadas, e que resultou em novas desvalorizações do kwanza – ou “depreciações”, como o governador do banco central, José de Lima Massano, explicou na apresentação do novo regime. O objectivo das depreciações é aproximar o câmbio oficial do informal, numa altura em que escasseiam as divisas numa economia dependente das exportações de petróleo para arrecadar moeda externa. Entre as desvantagens apontadas a este regime flutuante está o risco de agravamento da inflação, já que a maior parte dos produtos consumidos em Angola é importada e a moeda angolana vale menos, afectando o custo das compras ao exterior.